Até dois anos atrás, o mercado brasileiro de TV por assinatura crescia quase 30% ao ano; desde 2012, a média passou a ser em torno de 10% — um percentual ainda notável, mas que coloca um novo desafio para as operadoras. Além de buscar novos clientes, elas precisam oferecer mais atrativos para manter os assinantes antigos, evitando que fujam para a concorrência.
As mudanças na legislação ocorridas nos últimos dois anos tornaram mais fácil a entrada de novas operadoras no segmento de TV a cabo, enquanto no DTH (TV por satélite), setor que mais cresce no país, tornou-se urgente investir em infraestrutura. “Agora, temos maior capacidade de oferecer novos canais e serviços na área de pay-per-view e interatividade”, garante Ariel Dascal, diretor da OiTV, que no final de 2013 passou a usar um novo satélite, o SES-6, que tem base no Cazaquistão. “A capacidade adicional trazida pelo satélite é uma vantagem competitiva que sustentará nosso crescimento de médio e longo prazo”, prevê Dascal.
Esse crescimento já pode ser observado na prática. Em março, a OiTV aumentou de 13 para 43 o número de emissoras afiliadas da Rede Globo, tornando-se a única a transmitir todos eles em HD. Operando em todo o país (com exceção do estado de São Paulo), a Oi consegue chegar hoje a cerca de 3 mil municípios, sendo que em aproximadamente 2 mil deles é a única com sinal da Globo.
Já a estratégia da GVT é mais cautelosa. Primeira a oferecer pacotes 100% HD, a empresa atua em DTH primordialmente no mercado paulista, chegando a 785 mil assinantes em três anos de atuação. Na Grande São Paulo, implantou uma sólida infraestrutura de fibra óptica para dar suporte às conexões – o sinal chega na casa do assinante via cabo. “Essa estrutura híbrida é fundamental para termos toda a rede transmitindo em HD”, explica Fabio Martins Freire, gerente da GVT.
Segundo ele, a estratégia é convencer o usuário a comprar o pacote triple play, para otimizar os custos de instalação. “Hoje, TV é o que mais cresce”, diz Freire, citando o percentual de 25% ao ano, mais que a procura pelo serviço de banda larga. “Vamos ampliar a oferta de canais e de serviços sob demanda. O desafio é equalizar as ofertas para que tudo caiba no bolso do assinante.”
Ainda no DTH, outra operadora que vem crescendo solidamente é a Claro TV, do mesmo grupo da NET. Antonio João Filho, diretor executivo da empresa, diz que o foco também é na oferta cada vez maior de canais em HD (em julho último, eram 33, além dos canais abertos). “E a
partir de agosto teremos a inclusão do telefone celular no Claro Combo, que já possui TV, telefone fixa e internet”, promete ele.
Para as principais operadoras, o poder de atração dos pacotes combo é quase irresistível para o usuário. Claro, Oi e Vivo têm a vantagem de incluir o serviço de celular, com generosas vantagens para o assinante. Na Vivo, por exemplo, no serviço Vivo Fibra – de conexão à internet via fibra óptica – a mensalidade cai de R$ 119,90 para até R$ 79,90 para quem adquire o pacote com TV.
Concentração
No mundo inteiro, o setor de TV por assinatura – cada vez mais associado à internet e aos serviços digitais – está se restringindo a poucos participantes. Manter um serviço regular e eficiente exige muito investimento, não apenas na infraestrutura física – seja via cabo quanto por satélite – mas também nas chamadas CDN (Content Delivery Network), que são hoje o “coração” de toda empresa de mídia.
Toda grande operadora precisa instalar e manter atualizada uma CDN, que controla seu acervo de conteúdos e sua distribuição aos assinantes. É um serviço que não para e que, além de mão-de-obra qualificada, requer equipamentos e software de última geração. Não por acaso, há uma tendência de concentração entre as empresas, com os grupos mais poderosos absorvendo as operadoras de menor porte.
No Brasil, o melhor exemplo disso é o grupo mexicano Telmex, que controla NET e Claro, depois de ter adquirido a Embratel. Segundo a Anatel, nada menos do que 53% das assinaturas no primeiro semestre deste ano estavam com o grupo; DirecTV (Sky) detinha outros 30%. Oi, GVT e Telefônica, que vêm a seguir no ranking, estão bem longe, na faixa de 4% cada, e apenas a GVT vem crescendo nos últimos anos.
Em julho, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a venda da Sky à americana AT&T, depois que esta incorporou a DirecTV. O acordo deve ter forte impacto porque a AT&T, especialista em telefonia celular, consegue assim finalmente entrar no Brasil. “É um ótimo negócio para nós, e vamos provar que será muito bom também para os consumidores”, prometeu Randal Stephenson, CEO da AT&T. Ele já avisou que irá atuar agressivamente tanto em telefonia móvel quanto em TV por assinatura. Hoje, a Sky é líder no segmento DTH e já começou a atuar com banda larga em algumas praças.
AS MAIORES OPERADORAS
Numero de assinantes por milhares
1° - NET - 6173
2° - SKY - 5579
3° - Claro - 3702
4° - OI TV - 828
5° - GVT - 753
6° - Vivo - 597
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